domingo, 1 de março de 2015

Região dos lagos Chilenos + Bariloche/Argentina

Novembro passado comprei as passagens para Puerto Montt. 
É a cidade mais ao sul da Região dos Lagos Chilenos. Abaixo dela, começa a Patagônia Chilena.
Nunca ouvi falar nesta cidade antes. Nada. Nadica!

Comprei um guia, me apaixonei pelo Chile e já estava programando o retorno, mesmo antes de ter ido. 
E ainda tinha a Argentina no pacote.




Esta viagem era sobre a-cam-par!!
 Foi programada durante 2 meses para acampar.

Desisti uns dias antes... e deu tudo mais ou menos certo.
Quem tinha um mapinha com um "x" em cada camping que iria instalar-se, tudo organizado e bem situado, agora estava indo pra outro país sem hospedagem garantida. 


Embarcamos dia 01 de fevereiro, à noite. 
Algumas conexões depois, chegamos em Puerto Montt à tarde.


02 de fevereiro

Desembarcamos e fomos logo alugar um carro.
Inúmeras locadoras, cada uma com um papo diferente sobre a questão "ir de carro para Bariloche".
Uma cobrou uma taxa de R$ 350,00 e só entregava o documento que permite atravessar a fronteira com o carro alugado, depois de 48h.
Outro cobrou muito mais, mas entregava o documento naquele momento.
A Localiza disse que tem que solicitar com 15 dias de antecedência.

Em 10 minutos, recebemos muitas informações diferentes e com cheirinho de tentativa de aproveitar-se de turistas bestas... ̯̃



Alugamos o carro por 3 dias e só. E sem direito de sair do país. :/

Diretinho para a rodoviária, compramos passagens de ida e volta Puerto Montt - Bariloche.
Problema resolvido!


Primeiras impressões sobre o Chile: povo tímido, simpático e muito educado.

As casas são de madeira, dando um ar gracioso às cidades. Inclusive Puerto Montt, que não tem muitos atrativos turísticos... mas tem aeroporto. 


Casinhas de madeira e uma montanha no quintal.


Primeira barbeiragem no Chile...
Parando embaixo do sinal e já sendo chamado pelo guarda de trânsito...
Ao menos rendeu esta foto do barquinho no meio da praça.


Parada para o lanche natural e saudável. 
De novo: Patagônia é de Puerto Montt pra baixo!! É conhecida como a porta de entrada para o fim do mundo.

Fiquei indignada com outras cidades distantes e bem ao norte pegar carona pra favorecer o turismo.
Deixo aqui meu protesto: Patagônia começa em Puerto Montt!! (Não falo mais sobre isto ☺)



Pedi um pão com queijo, mas só tinha misto.
O vendedor e o pessoal da fila fizeram uma cara de "o quê" quando pedi pra não colocar "jamón".
Acho que ninguém tinha pedido um "misto sem presunto" antes.


Começou!!!

Deixamos o carro na rodoviária e seguimos caminhando...

Vista da saída da rodoviária: Seno de Reloncavi ou Baía no oceano Pacífico :p


Calçadão cheio de turistas e artesanatos espalhados em tapetes no chão. Legal de ver.
Comprei uma peça que não sei o nome, uma coisa pra envolver no pescoço que foi minha salvação em muitos momentos na viagem.



Seguimos para Frutillar.
(Já me bate uma tristeza)
Frutillar >> frutilla >> morango
Existe uma famosa torta de morango de Frutillar e eu sonhei com ela por dois meses. 
Spoiler: não comi! Fui à Frutillar, mas não comi a torta. :(



Lago Llanquihue que ainda não aprendi a pronunciar





E começa a chover forte!
Imagens belíssimas de raios nos campos...




Chegamos em Frutillar e minha torta de morango foi adiada para quando voltássemos.
Chuva de granizo!!
Chuva de granizo e eu moro no nordeste.
Fiquei bestinha e levei várias bolinhas de gelo na cabeça.




Não descemos do carro. Muitas pedrinhas, muita chuva.
E já estava ficando tarde.

Pegamos a famosa Ruta 5, que corta o Chile inteiro e é cheia de pedágios caríssimos.

Casinhas fofinhas em Frutillar

Bom, o dia estava terminando muito tarde nesta época.
22h e ainda víamos os últimos raios solares.
Então, deu pra pegar boa parte dos 320 km que separam Puerto Montt de Pucon (próxima parada), ainda claro.

Só que estávamos na rua desde as 21h do dia anterior. E isto começou a pesar.


Detalhe: o consumo de sorvete é altíssimo. Quase meia-noite, paramos num posto de gasolina cheio de gente que ia acampar e a criançada se entupindo de sorvete, no frio.
Eu não ia ficar pra trás.

Detalhe do detalhe: muita, mas muita gente acampa no Chile. Fiquei admirada. Tem todos os tipos de campings. As pessoas acampam em qualquer cantinho do lago.



03 de fevereiro

Início da madrugada.
Ainda estávamos na Ruta 5.
Eu, que pensei tanto sobre "como será dirigir no exterior?" (eu penso muita besteira!), estava odiando minha primeira experiência.
Só queria uma cama.

Já passava de 01h quando paramos em Villarica.
Hospedagem do Senhor Estebam, que podia ser um bandido fantasiado de velhinho fofo (ainda não sei o que fazia acordado aquela hora, na janela).

Deste momento só tenho "flash". Entre acertar com o Senhor Estebam e perceber que apaguei, não lembro de quase nada.
Estava no automático.
Ele podia roubar meu fígado, que eu não estava nem aí.

Levantamos depois de 5h de sono profundo e kd o chuveiro elétrico?
A água da minha geladeira é mais quente do que a daquele chuveiro miserável.
Bom, encarei.
E foi massa tomar banho pulando.
Depois que "pega", vc encara o gelo... e já fazia tempo que eu não via um sabonete.
"Eu" é um ser com mania de limpeza e organização.

٩(×̯×)۶



Pucon, cidade dos esportes de aventura (e que NÃO faz parte da Patagônia), acordou com aquele calorzinho de verão... e é pra lá que fomos.
Fiquei sem internet durante toda a viagem.
Fiz leituras de temperaturas todos os dias, uma semana antes, e quando voltei, pra comparar. Não variou significativamente.




Lago Villarica

Deixamos o carro à beira do lago e seguimos caminhando. Dá pra conhecer o centro todo à pé.
O problema são os pontos turísticos de aventura, que só dá pra chegar de carro.

O lencinho/gorrinho/paninho/seilá salvador que comprei em Puerto Montt!!



Compramos um lanchinho esquesito, muito comum por lá. Recheado com umas ervas que lembram chá mate.
Não curti muito os bolinhos batizados. Preferi o charuto de doce de leite. Nham!





Tiozinho dos doces


Apreciar!




Cidade pequena e cheias de peculiaridades a serem observadas. 



Seguimos para a empresa que iria nos levar ao Vulcão Villarica, no outro dia.
Além da torta de morango de Frutillar, a escalada do Villarica estava impregnada nos meus pensamentos. Desde novembro.
E estava chegando o grande dia!

Sem atividades vulcânicas previstas. Ótimo!

Semáforo para atividades vulcánicas
 Uma curiosidade sobre Pucón: o único semáforo que vi não era de trânsito, mas de indicação se o Villarica estava dormindo ou não.
A cidade não tem sinal. Todo mundo se entende e respeita os pedrestres.
Interessantíssimo!



Piada interna. -Chubby!-
 Água mineral pra foto!
Pq ela merece.
Difícil encontrar água sem gás.
Pelo menos nas cidades que andei, todo mundo bebe água da torneira. É potável.
Tem chafariz pra vc encher o copinho, nos postos de gasolina.

Então, vendem água com gás (ou sem gás, pra turista medroso como eu).


Fomos à empresa (Politur) que organizaria nossa visita ao vulcão, agendamos e pagamos a escalada, provamos as roupas e o calçado e recebemos instruções sobre a alimentação obrigatória que tínhamos que levar.

Em Pucón existe uma agência de turismo por m².
É possível comprar passeios de todos os tipos.
Só escolher!

Inventamos de fazer tudo por conta própria, naquele dia.

#partiu


Lá estava ele! O Vulcão Villarica.➳♥
Em qualquer ponto da cidade, ele está lá. Visível, imponente e lindo!

Aquela fumacinha fdp quase destrói meu passeio.


Todas as casas chilenas que vi eram de madeira.
Vi muitos caminhões transportando toras.
Em compensação, tem florestas pra todos os lados.
E as vias são assim, arborizadas.





Descobri que existe uma tirolesa de quase 2 km por lá.
Só não avisaram que a estrada era terrível.
Nosso carrinho pediu as contas e empacou.
Não conseguimos subir de jeito nenhum.
Adeus à tirolesa de 2 km. Humpf!̯͡


Imagens bonitas pelo caminho...


Tentamos uma segunda tirolesa, numa propriedade que proporciona um salto de bunguee jump tentador ( e que eu não tive coragem).
A responsável não quis nos levar pra tirolesa pq eram "só" duas pessoas. O percurso é longo e não valia a pena pra ela. Pode?

O que pagou esta torta na cara foi este ser simpático e carinhoso.
Um Beethoven!!!
Magrelo e cheio de graça.



Um lord! 

Rodando e rodando, finalmente encontramos uma bendita tirolesa!
Com propaganda de 500 m, mas que são divididos em 4 etapas.
Descobri que a de 2 km também é dividida em etapas.







Presta atenção, visitante!


Perto da tirolesa, faz-se uma trilha simples até a laguna azul.
Que é muito bonitinha.

Sobre a temperatura no Chile: amanhece um gelo, à tarde fica quente e anoitece bastante frio.

Tira casaco, bota casaco.

Pois é!

Mais uns minutos de trilha e chegamos ao famoso Ojos del Caburgua.
Que é muito bonito (muito mais pelas fotos que vi), mas não é uma coca-cola.
Valeu a visita.

Particularmente, achei os poços da Chapada Diamantina muito mais bonitos, mas Ojos del Caburgua tem lá seu charme.



Florestas! Florestas! Florestas! É muito impressionante.



O Parque Huerquehue não estava no roteiro.
Mas nada do roteiro estava dando certo. Só os improvisos eram legais.
E este foi mais um improviso muito bacana.

Esquecemos de pagar. :p

O "problema" com muitas florestas é o perigo de incêndios.


O parque é lindo. Mais arborizado, impossível.
As trilhas são bem fáceis e bem demarcadas. Sem erro.



Belíssimo Lago Tinquilco
 Muitas famílias acampando no parque e tomando banho no lago (eu já estava de casaco novamente).


Pra não ficar por baixo, tive a brilhante ideia de nadar também...
Água fria da bexiga! Não passei 2 minutos.
E me ferrei pra secar com o vento.




Com banho frio e tudo, o contato com o parque foi uma beleza.
Árvores à perder de vista. Famílias e famílias fazendo lanches, brincando, acampando.
Ambiente acolhedor!



Campo de aviação.
A proposta era mostrar o cara que saltou de para-quedas. Ele está atrás da placa.


Voltamos para Pucón. Fizemos compras no supermercado, arrumamos as malas e deixamos tudo pronto pra escalar o vulcão e seguir viagem.
Dormimos acabados, mas de banho tomado! ❀◕ ◕❀

04 de fevereiro

06h da manhã e a cidade estava deserta, fria e escura.
Altamente The walking dead...




06h30 estávamos na Politur.
Vestimos as roupas de escalar e eles pediram pra colocar nossos pertences na mochila que eles ofereceram.
Que, por sinal, estava cheia de objetos pesados.

Transferi a comida, mas esqueci o dinheiro no bolsinho. :(

No caminho, já no ônibus, o guia relata o roteiro:

1400m de ônibus
400m de teleférico por 9000 pesos (opcional)
1000m de escalada

2800m de ansiedade.

Sem dinheiro e sabendo que os 400m de teleférico iriam aliviar bastante a subida com uma mochila pesada nas costas, comecei a pensar em pedir dinheiro emprestado. E pedi!


O frio ofuscando o Villarica.



Bom, a partir daqui, as palavras são de alguém que está se achando a última bolacha do pacote.

EU ESCALEI O VULCÃO VILLARICA!

Pra começar, nuvens!
Nuvens lá embaixo!!
Um tapete lindo de nuvens densas, num frio do cacete!

"Lindo" será repetido várias vezes. Não tem outra saída.



Eu estava num vulcão e pronto! NADA descreve.
Sonhei com isto e realizar sonhos é bom demais!
Li mil relatos sobre o quanto era difícil, inúmeras pessoas que desistiram, gente que se machucou, gente reclamando que nunca mais volta, outros dizendo o quanto era maravilhoso.
Nenhum relato interessava mais.
Era hora de começar o meu.

Mochila pesada and me
 Fila pro teleférico.

Tudo começou a lascar daí.
Já estava frio pq é sul do Chile e pq subimos 1400m. Agora veio o teleférico e o vento gelado.
Mini tortura.
Melhor do que subir andando pelas pedras, isto garanto.


Pronto! 1800m já foram embora.
Era hora de começar.
Eram quase 08h30 da manhã e, neste momento oportuno, bateu vontade de xixi.
Adianto que ele ficou guardado até o retorno pra Pucón, às 15h.
Só pra melhorar o sofrimento. ¬¬

Os primeiros 15 minutos foram nas pedras.
Tranquilo, em fila indiana, com duas alemãs tagarelando.
O grupo foi separado em dois, que chamei de "fodinhas" e não-fodinhas".
Fui no da frente, claro!


Primeira parada pra lanche.
Comecei a pensar como seria se chovesse. Pra ter uma visão superior da chuva.
(eu penso muita besteira!)

Pisar na neve com aqueles sapatos é muito difícil. Em 10 minutos meus pés feriram e foram magoando até o fim.
Sem contar o peso da mochila.
Oferecia lanche a qualquer um que passasse, só pra acabar logo com a minha comida.


No total, total mesmo, foram  quase 5h de subida. Contando apenas os 1000m.
Não dava pra tirar fotos, pq a gente tinha que se equilibrar e usar a machadinha pra não despencar vulcão àbaixo.



A partir da segunda hora, já comecei a mentalizar um mantra positivo. Não estava nem na metade e minhas forças acabaram.
É MUITO difícil subir uma montanha na neve.
É perigoso, escorregadio, vulnerável e frio. Frio pra caramba!!

Aprendi, da pior maneira, que é pra sentar na mochila e não na neve.

O topo parecia tão perto... a gente subia, subia e tinha impressão que não saia do lugar.


Com 3 horas de subida, o mantra já havia sumido da minha cabeça e comecei a pensar em "bem que minha mãe disse".

Só que nenhum escalador de vulcão que se preze ia dizer que a mãe tinha razão e que não era pra ter ido.
Tinha que me recompor o tempo inteiro, mas era terrível. Era pesado e gelado.
Sem contar a parede de gelo, por si só.

As paradas começaram a ser mais frequentes, o grupo dos fodinhas resumia-se às duas alemãs simpáticas, meu namorado, um casal de baianos e eu, eu acho.

Baianos! pois é!

Passei a não sentar mais  durante o lanche.
Pq não tinha forças pra levantar e encaixar na trilha.
O simples levantar era um processo delicado.
Tem que encaixar o pé nos locais certos, nas pegadas.

E aí começaram minhas quedas.
Cada vez que curvava pra direita, tinha que usar a machadinha com a mão esquerda.
Isto foi muito ruim.
Meus braços não aguentavam o peso da mochila mais uma machadada na neve.

Perdi as contas das quedas que levei.

Mas a vista era esta aí.
Cada vez que parava, aumentava a beleza (e a vontade de fazer xixi).

Olhava aquelas pessoas lá embaixo, pequenininhas e pensava: vcs vão se ferrar muito!


Micro pessoas láaa embaixo.

Neve e nuvens!
Coisa mais linda!

Mais e mais subida e aprendi a regra prática para escaladas na neve: se o nariz escorrer, deixe! Não invente de tirar a luva corta-vento pra secar com sua luvinha de algodão. Seus dedos vão doer de frio.

Bom, ninguém mais se preocupava com estética e bons modos.
Uma das alemãs passou a se apoiar no guia, que levou ela até o fim,segurando pela mão, coitada.


Nuvens e neve. :)

A subida resume-se a dor, sofrimento, muita dor, muito mais sofrimento, vontade de desistir e uma vista fenomenal.

Ao passo que aproximávamos do topo, o vulcão começou a ficar zangado e expelir uns gases horrorosos.
A proposta era ficarmos 1 hora no topo, que caiu para 5 minutos apenas, por conta dos gases.

Cheguei quase viva, com o nariz em chamas, o céu da boca sangrando e os olhos ardendo. Tudo por conta dos gases.
Nem acredito que cheguei.
Tudo que li era verdade.
É MUITO difícil!! É lindo! É sensacional!! Eu subi o Villarica! Subi sim! \o/


Os gases estavam saindo deste buraquinho infeliz. Deram uma amenizada e pudemos ficar durante uns 15 minutos, antes da descida.


Feliz! (Feliz e eu sou foda!)



Durante o pouco tempo que pude ficar, não deu pra pensar em nada.
É um misto de "como cheguei aqui?" com "que lugar é este?" e vc fica em paz.


O mundo e eu.

A falta do que fazer...

Tentei alguma foto mais próxima da cratera do vulcão, mas não consegui.
Achei muito perigoso e os gases estavam incomodando muito meus olhos.



Hora de descer!
Não tem muitas fotos pq não dá pra carregar câmera, enfiar a machadinha na neve e equilibra-se.

A descida resume-se em sentar num skibunda e descer.
Pois é! 900 metros de pura descida livre numa montanha. Com direito a quedas e muita neve engolida.
Foi, simplesmente, fantástico! Inesquecível!! Surreal!!!
Mil "!!!!" pra isto!


Os 100m finais são caminhando. Voltei pra realidade e fiz 100m em mais de meia hora.
Não havia condição pra mim.
Dores, cansaço e vontade de fazer xixi nas últimas 5 ou 6h.

Voltamos pra Pucón de espírito renovado.
Ganhamos até um diploma de escaladores oficiais do Villarica. Haha


Hora de partir.

Mas o vulcão não te deixa tão fácil.
Seguimos para a cidade de Villarica e lá estava ele, distante.
E a vontade de falar pra quem passasse por perto: olha, eu estava lá em cima! Vc quer um autógrafo?




Muito bacana esta cultura camping chilena.
Ninguém está nem aí.



Hora das comprinhas.










Pegamos a Ruta 5 novamente.
Quase 300 km nos separavam de Puerto Montt e inúmeros pedágios caríssimos nos esperavam pelo caminho.


A Ruta 5 é maravilhosa, inclusive à noite. Segura e bem sinalizada.
Mas o preço é alto.


Só pra mostrar que eram 21h... 


Bom, nunca vi o sol se pondo às 22h, então estou perdoada.



A noite interminável findou em Puerto Montt.




05 de fevereiro

Entregamos o carro na rodoviária bem cedinho e estávamos prontos para a Argentina.
Mais uma torta de morango, ensaiando pra grande e apetitosa torta de morango de Frutillar.
Esta outra coisa aí, não sei o nome.
É uma espécie de mingau com arroz que estava animando meu café da manhã até encontrar um cílio perdido.



A viagem era prevista entre 08h30 e 15h30 e durou apenas um pouco mais que isto.
Sair do Chile é fácil. O problema é entrar.


Nas duas aduanas, tanto chilena quanto argentina, foi tranquilo.
A demora foi pela quantidade de pessoas, somente.



Após cruzar a fronteira argentina, a estrada torna-se perigosíssima.
Pelo menos eu achei.
Uma descida bastante sinuosa que me deixou apreensiva.



Bariloche, finalmente!
Lembrete: nunca mais trocar dinheiro com cambista de rua. Trocar sempre na loja de câmbio. 


Tomamos um banho merecido, deixamos as coisas no hotel e fomos dar uma voltinha.
A mobilidade em Bariloche é excelente. Fizemos tudo à pé ou de ônibus.
Pegamos táxi apenas para a rodoviária, mas dava pra ir de ônibus também.

Centro cívico

Vocabulário Mapuche

Informativo

Paramos numa pizzaria discreta e agradável, na famosa rua Mitre.
Comi quase meia pizza.
Cruzar fronteira internacional não é fácil. Principalmente com quase 7h num ônibus.


Comprinhas básicas de chocolates.
Bariloche respira chocolate.
Tem uma chocolateria em cada esquina.


Uma voltinha no centro cívico e o retorno pro hotel.
Eu só queria cama.
E já estava esfriando o suficiente pra um bom sono.





06 de fevereiro

Agora, sim! Descansados.
Começamos cedo com os doces. E este aí me encontrou várias vezes em Bariloche.


De volta ao centro cívico.
Por azar, o museu ainda estava fechado.



Comprei um gorrinho com proteção nas orelhas só pq achei engraçado, mas me salvaram no outro dia.
Uma das melhores coisas que comprei em Bariloche.




Poncho!
Comprei um poncho!
Ainda não sei onde vou usar no sertão nordestino que moro, mas tenho um poncho e não quero saber.
Esquenta pra caramba!


Com mapinhas em mãos, partimos. Rumo ao museu do chocolate. Mais ou menos 1 km de caminhada.
No meio do percurso, encontramos uma agência que vende o ingresso para o Cerro Otto.
Compramos pra garantir.
A moça da agência foi muito prestativa e deu várias dicas de passeios à pé e de ônibus.

Seguindo pela calçada... ✿◕ ◕✿




Relógio de chocolate





Fábrica de chocolate!!
Só faltou um Oompa-loompa.



O percurso é acompanhado por uma guia. Em espanhol, óbvio, mas dá pra entender muito bem. Até quem tem um espanhol made in China, como eu.




E de onde vem este cacau todo, nega?
Ilhéus-BA!


Os guerreiros astecas usavam o chocolate como fonte de energia, além de usar como moeda de troca.




A explicação progride com uma passagem proveitosa sobre o ingresso do chocolate na corte europeia.


Tudo organizado e bem explicado.









O tur termina na chocolateria, com vários descontos nas compras.
E o público aproveitou!



Café da manhã saudável. :)


Com esta viagem concluí que a  Argentina tem duas coisas boas a oferecer pro mundo: O Papa Chiquinho (que sou fã) e este docinho que não sei o nome.
É, simplesmente, chocolate branco com doce de leite.
Sem mais.
Obrigada!

Saindo da Fábrica de Chocolates, seguimos para o Cerro Viejo que, comparado aos outros cerros mais famosos, é café pequeno.
Mas ainda não sabíamos disto, então, foi lindo!

Subimos de teleférico, mas dá pra subir a pé. Acho que 1 hora de caminhada, já que a trilha é bem demarcada.
De teleférico é bem melhor.


Mapuche

Lago Nahuel Huapi
 A melhor parte!!

Descer o Cerro Viejo foi muito legal!
Aliás, em termos de descida, foi o mais bacana de todos os cerros.
É sentar e curtir.


De volta ao Centro.
O único dissabor que tivemos em Bariloche  foi para comprar o ticket do ônibus.
O motorista/cobrador não aceita dinheiro.
Todo passageiro tem que entrar com o bendito cartão que nos fez perder uns 45 min procurando o local de venda.

Fora este micro perrengue, tudo certo!


A seguir, fotos aleatórias da janela do ônibus - FAJOs.








Descemos no Hotel Llao llao, pura e simplesmente pq li em algum blog que era legal.
E fui nesta onda.
Não desceria novamente.
A vista é muito, muito bonita, mas o próximo ônibus só passaria depois de 20 minutos e descobri (descobri lá!) que ali não passa ônibus pro parque dos dinossauros que eu tanto queria ver.


O jeito foi esperar o próximo ônibus.


O que pagou esta parada (além da beleza do lugar) foi o contato com uma espécie ultra-mega-hiper-hipopótama de abelha.
Nunca vi abelhas tão enormes. Fiquei encantada!



Tentei capturar, mas as fotos não ficaram boas.


Famosa Capela San Eduardo (que não entrei pq o ônibus estava chegando).


Foto rapidinha pra pegar o ônibus

Do Llao llao, fomos ao Cerro Campanário.
Chateados por causa dos dinossauros que não vimos.

Com um teleférico bem maior que o do Cerro Viejo.


Observamos a presença de muitos turistas idosos. Casais, sozinhos, mochileiros... muitos velhinhos simpáticos.


E a vista do Cerro Campanário é esta!
Hipnotizante.




Entendeu??


Não só no Campanário, mas na viagem inteira não senti falta de internet ou celular.
Nem lembrei que existia resto do mundo, pra falar a verdade.

Lanche! Lanche! Lanche!
E outra torta de morango pré-torta-de-morango-de-Frutillar!!


Dinheiros de todo o mundo.
Como vi uma nota de R$ 20,00 (VINTE!!!), preferi não deixar a minha ( de dois reais).




Bariloche é toda linda!


Descemos e fomos ao ponto de ônibus que fica bem pertinho.
Passou um ônibus levemente cheio, mas o motorista não parou.
Acho que ele nunca viu um Barro/Macaxeira-Várzea realmente lotado. ¬¬

Descemos no Centro, num dos pontos que passa o ônibus específico pro Cerro Otto.
O ticket dá direito ao ônibus e à subida no bondinho.
Tem os horários de subida e descida.
Bastante organizado.


A cidade ficando pequenininha...
A subida dura 11 minutos.
É muito alto mesmo.

A Confeitaria Giratória aproximando-se e a minha curiosidade aumentando sobre como funciona.


O Cerro Otto, além de mais alto, foi o que achei mais legal.
Tem uma área bacana e um terraço espaçoso pra criançada brincar.
Só que, em pleno verão, já faz um friozinho considerável e o vento e forte.



No inverno fica todo coberto de neve.
Deve ser muito empolgante, mas estou dispensando neve pelos próximos anos.



Galeria de arte.
(Tem também uma espécie de boate e um cinema)





O pintinho de Davi era unanimidade entre as fotografias dos turistas.





Adorei a exposição.
Os detalhes são incríveis. Prendem a atenção.


Finalmente, a Confeitaria Giratória.
E... ela gira!

A vista é de tirar o fôlego.
A danada vai girando, deixando vc receber 360 º de Bariloche, sentadinho na mesa.
Só apreciando, sem pensar em nada.





Até o fim!


"Bariloche" embaixo dos pés e minha mente na imensidão...
(Chico, me perdoa!)




De novo, o Cerro Otto foi meu favorito.
É bastante agradável dentro da confeitaria.
Diferente e lindo de ver.


Descemos e voltamos para o tur final no centro.


A Catedral de Bariloche é realmente imponente.


Os vira-latas são os mais bem servidos do mundo!
Não vi nenhum cachorro de rua magrelo, surrado, doente.
São todos gordinhos e saudáveis.



Fiquei esperando pra ver se eles caiam, mas demorou muito e fui embora.



Mais chocolates!



Mais sorvetes!
Bariloche é uma bomba calórica.




"Quem puder, doe 50 pesos.
Pesos argentinos!
Pesos chilenos não valem nada."

Se haviam chilenos assistindo ao show, não tiraram as mãos dos bolsos.


Paramos no Bar do Gelo ou Ice Bariloche.
Que é um bar como outro qualquer, se não fosse feito de gelo.
Copos, cadeiras... tudo de gelo!

Temperatura mais "quentinha" é de seis graus negativos. É daí pra baixo!


Eles dão um traje e luvas pra aquecerem, mas não adianta tanto. É muito, muito frio lá dentro.


A era do gelo! ٩(̮̮̃)۶



O recomendado é ficar 15 minutos.
Ficamos 18, mas com muito custo.
Pode entrar e sair quantas vezes quiser.
Não quisemos.

Foi muito legal!!
Mas meus dedos dos pés estavam discordando.



Seguimos para mais um jantar saudável, acompanhando um jogo do São Lourenzo contra um time que nunca ouvi falar.







07 de fevereiro

Hora da despedida.
A rápida passagem por Bariloche foi bastante proveitosa.
Ficou devendo apenas pelo Parque dos dinossauros... snif!




Sair do Chile é fácil. Difícil é entrar.

A aduana argentina cumpriu com os trâmites e liberou entrada e saída tranquilamente.
Já a chilena...
Foi um tal de desce do ônibus, tira bagagens, revista bolsas...
Mas é tranquilo.

As mochilas só são abertas quando os cães farejadores escolhem alguma.
Escolheram quatro no meu ônibus.


Policial descansando
Os cães são fofíssimos, mas não dão liberdade pra ninguém.
Deixam-se alisar, mas não fazem festa nem querem amizade.
São profissionais!

Aduana

Retornamos para Puerto Montt.
Meu novo objeto de desejo já despontava na janela... o Vulcão Osorno! 



Decidimos descer antes do destino e ficamos em Puerto Varas.
Andamos bastante, procurando alguma locadora de carros disponível às 15h de um sábado.
Ainda havia muito o que fazer e uma torta de morango me aguardava em Frutillar.


Pra resumir, não conseguimos alugar carro, nem comprar pacote de passeio àquela altura.
Parei num hostel pra pedir uma informação e, nem lembro como, meia hora depois estava dentro de um carro com um taxista muito gente fina e disposto a fazer um tur sensacional.
Ele só não podia nos levar em Frutillar. 
Só e somente. Nada de Frutillar.
Minha torta de morango, planejada desde novembro, está lá até hoje. 



Lhamas!

Exceto pela não-ida à Frutillar, o passeio foi extraordinário.
Estava empolgadíssima para chegar ao Osorno.
Sim, eu subi o Villarica. E, sim, foi muito mais perigoso e aventureiro.
Mas o Osorno tem um charme único que só percebi quando cheguei perto.




O Osorno é acessível para qualquer um. Segue de carro para o Parque Vicente Perez Rosales e é só subir de carro por uma estrada absurdamente sinuosa.
Muito, muito, muito sinuosa! Nunca subi nada parecido.
Os carros sobem e descem quase parando, de tão devagar.
Na volta, havia um fumaçando por causa dos freios usados de maneira errada, eu acho.


É pagar o ingresso e subir no teleférico.
Na verdade, são dois teleféricos.
O segundo, que deixa mais perto do vulcão, estava desativado.
Mas não tirou o brilho do passeio.


Uma palavra: Frio!
Frio! Frio! Frio! Frio do caramba!
Subi tremendo. O vento é forte e só agrava.



O Villarica é lindo, desafiador e agressivo.
O Osorno é lindo!
Parece limitado, mas é isto!
O Osorno é lindo! É simétrico, atraente e aconchegante.
Dá vontade de ficar ali, olhando pra ele.
No Villarica, dá vontade de aproveitar a altura e olhar pro mundo.


Friiiio!
 Aquele momento off, que vc se sente minúsculo.




O Osorno me olhando...

Nuvens!
Por cima e por baixo.


O tempo foi curto, mas mágico.
Elegi esta rápida visita como o melhor passeio desta viagem.
O contato com o vulcão Osorno foi inexplicável.

Mais frio na descida.
Estava congelante.



Oi, vc assistiu Frozen?


Descemos sem despedidas.
É como a Monalisa, te olhando por todos os lados.

Vulcão Osorno

Seguimos para os Saltos del Rio Petrohué, que eu pensava que era algo rústico e abandonado no meio do mato.
É no meio do mato, mas bem estruturado.
Cheio de trilhas bem demarcadas, lanchonete, placas informativas, vendas de artesanato. Um primor!

Trilhamos.


Uma das 5364 fotos frustradas por um passarinho que não ficava quieto.



Começamos ao contrário, pelas corredeiras.
Tem que ver para entender. O cenário é de filme.
Um paredão gigante de árvores enormes e a água correndo solta, carregando quem aparecesse.


É lindo! Lindo! Água correndo, ventinho fresco, árvores imensas...



E isto tudo é água do degelo.

O tempo era curto. Já aproximava-se das 20h. Hora de fechar o parque.
Seguimos pelas trilhas fofíssimas.



Maloqueirando sempre!


Salto del Rio Petrohué é este.
Um volume grande e agressivo de água, sublinhado por uma floresta densa de árvores imponentes.


E o Osorno ali... 





Menininha bonitinha


Um Ent!!
 Haha




Saímos do parque quando os portões já estavam fechados.
Mas foi bem aproveitado. :)

Rosa e Framboesa Crema

O combinado era terminar o passeio aí, mas o taxista foi muito bacana e nos levou até o Lago de Todos os Santos.
A estrada é de pedra e, sinceramente, desistiria se estivesse no meu carro. Muitos pedregulhos, mas a paisagem recompensa.

Compramos um passeio de barquinho que durou uns 30 minutos, mas foi sensacional.


Barqueiro simpático.
Todo mundo é simpático no Chile, decididamente.


Vulcão Osorno, sol se pondo, vento gelado, silêncio na mente, cantiga do motor do barco.

O passeio foi breve e sem muitas firulas, mas foi inesquecível.
Aquele friozinho beirando o incômodo, mas que não se quer abandonar.




Finalmente, o Vulcão Puntiagudo.
(que é realmente pontiagudo)
Que tanto procurei e ouvi falar.

Vulcão Puntiagudo


Floresta belíssima e hipnotizante

Lago de Todos os Santos

E a despedida não poderia ser diferente: Osorno!
O vulcão que capta e canaliza.
Concentra e conduz, naturalmente, a ficar olhando e olhando.
O Osorno é magnífico!



Fomos levados ao aeroporto e agora era voltar pra casa. 


Foi uma viagem fantástica! Com alguns perrengues censurados e momentos divertidos.
Ficar sem celular por uma semana foi libertador. Vou instituir nas viagens.

Já estudando a próxima trip, que tem tudo pra envolver o Chile novamente. Amei a região dos lagos. Amei!
Falta "só" o Atacama, a região do Vale Central e a Patagônia (que Pucón não faz parte, vale salientar).
Ahh, adorei Bariloche também, claro! Mas o Chile... o chile te chama!

Voltei sem minha fatia de torta de morango de Frutillar, mas voltei feliz.